"Crónicas Lunares", uma distopia dos contos infantis


E se a Cinderela não fosse salva pelo príncipe? E se ela nem sequer fosse uma pessoa? E se a Cinderela que todas as meninas idolatram como sendo uma bela princesa, fosse um ciborgue? Numa época em que a comunidade se apressa em levar os filhos à Disney Land Paris, preocupa-se em não deixar que a chama da infância e das suas fantasias se apague; Marissa Meyer debruça-se a escrever sobre o assunto.
A escritora apresenta ao leitor uma distopia completamente alternativa ao que seria a vida da Cinderela se vários outros problemas acrescessem ao facto da menina órfã, pobre que vive junto das suas duas irmãs e madrasta. Neste novo mundo, Meyer vai explorar muito mais do que o simples conto de fadas que todos ouvimos falar, ela vai criar um mundo novo, através de personagens que todos nós conhecemos e ajustando a menina às suas condições de vida.
Ao longo desta história, Cinderela, mais conhecida como Cinder, é uma mecânica de 16 anos que trabalha arduamente para colaborar nas despesas da casa, além da compra de novas peças para o seu corpo. Tal como no conto de fadas, Cinder perdeu os seus pais e em momento algum o conto de fadas volta a mencioná-los. Porém, nesta nova história, a autora dá um novo lugar aos pais de Cinder, sendo o seu trágico acidente de carro constantemente mencionado ao longo da história, que ocupam um papel relevante na mesma.
Houve uma crítica de imprensa booklist que adiantou
"Mesmo no futuro a história começará: Era uma vez... A história clássica de Cinderela numa moderna distopia num livro surpreendente revelando que o amor aparece de misteriosas formas".Cinder, escrita por Meyer, ao contrário da história original adaptada pela Disney, transformou-se num meio de exploração do ciborgue enquanto personagem (e pessoa/robô); aquela que era questionada pelas emoções:
"A tua espécie sabe ao menos o que é o amor? Consegues sentir alguma coisa, ou és só... programada?"Esta citação instiga o leitor para o conceito de ciborgue, comparando-a a um ser humano.
A escrita da autora é leve e tem o poder de nos manter curiosos e ansiosos pela personagem principal, de tal forma que quando pensamos que não existem mais para conhecermos, a autora é capaz de criar novos capazes de dar um novo rumo à história.
A escritora leva o leitor desde o início do livro até ao final curioso e ansioso com o acontecimento seguinte, conseguindo transformar a história da Cinderela, numa distopia moderna sem retirar as características que a personagem sempre teve, como ser honesta, trabalhadora e sempre disponível para lutar pelos que mais ama.
É importante ter uma mente aberta para a leitura deste livro de forma a deixar que a escritora nos conduza através da ficção, em qualquer outro livro de fantasia. Se permitirmos que o faça, rapidamente o livro se torna interessante e fácil de ser "devorado".Este é o livro sugerido para os amantes de ficção e fantasia, além dos que gostam sempre de recordar várias histórias, esta vem com um novo ambiente, tornando-a na "fantasia dos dias de hoje".
O livro destacado faz parte de uma série de 4 livros, uma coleção denominada por "Crónicas Lunares", iniciando-se com a Cinderela, e adaptando livro após livro, um novo personagem dos contos infantis das gerações anteriores. Temos de ter em atenção que os livros não contam apenas histórias, eles também são capazes de nos trazer conhecimento e de nos levar a lugares que nunca fomos antes ou que simplesmente, não existem.
